Djamila Taís Ribeiro dos Santos, mais conhecida como Djamila Ribeiro, nasceu em Santos, em 1980. É mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), colunista da Folha de São Paulo e da revista Elle Brasil, membro do elenco do Casé Fala, coordenadora da coleção Feminismos Plurais, da editora Letramento, e autora dos livros “Lugar de fala”, “Quem tem medo do feminismo negro?” e “Pequeno manual antirracista”, da Companhia das Letras.
“Pequeno Manual Antirracista” é finalista do Prêmio Jabuti, na categoria Ciências Humanas — o resultado sai no dia 26 de novembro, em cerimônia on-line pelas redes sociais da Câmara Brasileira do Livro —, e, ao longo dos seus 11 capítulos, Djamila traz conceitos como negritude e branquitude a fim de explicar o racismo que está enraizado em nossa sociedade há mais de 300 anos. De fato, é um pequeno manual, com uma linguagem didática e leitura fluida, e não se leva muito tempo para finaliza-lo. No entanto, o conteúdo é engrandecedor, passa a mensagem e a gente sai dali com vontade de mudar o mundo.
“O racismo é, portanto, um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato da vontade de um indivíduo.”
A sociedade patriarcal em que vivemos, que oprime e discrimina negros desde muito tempo, enraizou em nossa cultura o racismo. Quando nos enxergamos como privilegiados dentro deste cenário, o que devemos fazer é nos admitir racistas em potencial e, a partir daí, introduzir a prática antirracista no nosso cotidiano.
“Para além de se entender como privilegiado, o branco deve ter atitudes antirracistas. Não se trata de se sentir culpado por ser branco: a questão é se responsabilizar. Diferente da culpa, que leva à inércia, a responsabilidade leva à ação.”
A autora afirma ainda que a palavra racismo não pode ser um tabu, pois o racismo existe, está em nós e em quem amamos, e que, enquanto continuar na invisibilidade, ou seja, enquanto não for reconhecido, mais difícil será combate-lo.
“Devemos aprender com a história do feminismo negro, que nos ensina a importância de nomear as opressões, já que não podemos combater o que não tem nome. Dessa forma, reconhecer o racismo é a melhor forma de combate-lo.”
O manual propõe a reflexão sobre o racismo e a prática antirracista e, sem esgotar o assunto, a autora apresenta, ao final do livro, uma série de autores que possuem obras a respeito de temas como racismo estrutural, discriminação racial, feminismo negro e opressão racial.
“Perceber-se é algo transformador. É o que permite situar nossos privilégios e nossas responsabilidades diante de injustiças contra grupos sociais vulneráveis.”
Considero o “Pequeno manual antirracista” leitura fundamental para pessoas de todas as faixas etárias. Nunca é tarde demais para aprendermos e evoluirmos enquanto cidadãos. A prática antirracista é necessária e urgente.